CNN entrega Prémios para Jornalismo Africano

O repórter Shola Oshunkeye, do Níger, foi galardoado dia 15 de Julho em Maputo com o prémio da cadeia televisiva norte-americana CNN para o melhor jornalista africano. O certame distinguiu igualmente o moçambicano Refinaldo Chilengue como o melhor jornalista da África lusófona.

Shola Oshunkeye, do jornal “Sun Publishing”, conquistou a distinção com o texto “A Batalha pela Sobrevivência do Povo do Níger”, acerca da posição do governo do país, que se tem recusado a reconhecer que o território vive uma situação de catástrofe humanitária devido à seca.

Por seu lado, Refinaldo Chilengue, ex-jornalista da agência Lusa em Maputo e actual proprietário e director do diário por fax “Correio da Manhã”, arrebatou o prémio com a reportagem “Trabalho Agrícola na África do Sul”, em que denuncia as desumanas condições de vida dos moçambicanos que trabalham clandestinamente em fazendas sul-africanas.

As distinções da CNN visaram ainda os sul-africanos Angus Begg, Tanya Farber e Sandy MacCowen, eleitos como melhores jornalistas africanos nas áreas do Desporto, Turismo e TV.

De registar ainda que os quenianos Lilian Aluanga e Joe Ombuor foram os vencedores das categorias de Saúde e Ambiente, respectivamente, enquanto na área da Imprensa Económica e Negócios ganhou o malauiano Isaac Masingati.

A marroquina Salwa Jaafari foi eleita a melhor da África francófona em rádio, o zimbabueano Desmond Kwande conquistou o título de melhor fotojornalista africano, e o seu compatriota Dumisani Muleya venceu na categoria Liberdade de Imprensa.

Esta foi a primeira vez que um País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) organizou a cerimónia em que foram conhecidos os vencedores do concurso Jornalista Africano do Ano, iniciativa que a CNN mantém desde 1995 para promover a “excelência” na comunicação social africana.

A responsabilidade dos jornalistas

A propósito da responsabilidade da imprensa, a comunicação social africana foi dia 13 apontada como responsável pela eleição de “maus governantes” em África, por alegadamente permitir que a “manipulação dos políticos se imponha sobre um adequado esclarecimento ao eleitorado”.

A acusação, que teve lugar no âmbito do Fórum Mediático de África, em Maputo, partiu de Wachira Waruru, actual director de gestão da Comissão do Filme do Quénia e que já passou por vários grupos dos média quenianos.

Ainda no âmbito do Fórum Mediático de África, o ugandês Joel Kibazo, director para as Comunicações e Relações Públicas na Secretaria da Commonwealth, assinalou que “persistem tentativas de intimidação, caracterizadas por ataques da polícia, do poder judiciário e de outros poderes públicos às redacções”. Apesar desta realidade, o moçambicano Arlindo Lopes, ex-presidente do canal público Televisão de Moçambique, apelou aos jornalistas africanos para que se empenhem na busca do equilíbrio e do bom senso nos seus trabalhos, para atingirem “um jornalismo de excelência”.

Por seu turno, Nick Wrenn, editor-chefe do canal norte-americano CNN para a Europa, Médio Oriente e África, sublinhou que o impacto das novas tecnologias pode ser limitado se não se expandir a liberdade de acção dos jornalistas: “Mesmo com o mais sofisticado equipamento, custa-nos pôr a trabalhar jornalistas em ambientes tão hostis como é hoje o Iraque” – afirmou.

Três dias passados sobre esta iniciativa, a 16 de Julho, o antigo vice-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, acusou a maioria dos órgãos de comunicação social sul-africanos de terem utilizado o seu julgamento, por acusação de violação, para aumentarem as tiragens e audiências.

Os média do país fizeram um acompanhamento detalhado das sessões em tribunal, criticando e satirizando algumas das frases de Jacob Zuma, de 63 anos, e que era candidato a suceder ao actual presidente, pois o arguido revelou perante os juízes pontos de vista retrógrados sobre as mulheres e desconhecimento sobre o contágio do HIV.

Na semana passada, Jacob Zuma, que foi ilibado no processo mas demitido da vice-presidência, anunciou ter processado vários órgãos de comunicação social, editores, jornalistas e cartoonistas por danos morais, exigindo 64 milhões de randes (pouco mais de 7 milhões de euros) em indemnizações.

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