China mantém regras menos apertadas para jornalistas

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou a 17 de Outubro que as regras menos restritivas de reportagem que foram introduzidas no país antes dos Jogos Olímpicos e que deveriam expirar nesse dia iriam passar a ser permanentes, uma decisão que mereceu o aplauso da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

“Esta é uma decisão significativa e um passo desafiante que nos leva na direcção certa. Abre a porta a um novo diálogo e à esperança de que princípios basilares da liberdade de imprensa possam ser abraçados em todas as áreas. Certamente, o momento é certo para rever todas as leis punitivas contra jornalistas – tanto os chineses como os correspondentes estrangeiros”, afirmou Aidan White, secretário-geral da FIJ.

Recordando que o período anterior em que estas regras funcionaram não esteve isento de problemas, uma vez que se registaram “dúzias de incidentes de interferência de autoridades locais no trabalho de reportagem dos média”, o dirigente da FIJ considera contudo que esta recente decisão mostra que, nas relações com a China, a política do diálogo funciona melhor do que a da confrontação.

Por esse motivo, a FIJ irá “continuar o diálogo com a Associação de Jornalistas de Toda a China e continuar a acompanhar a evolução da situação”, até porque “dezenas de milhares de jornalistas no país estão ansiosos por mudanças e melhores condições de trabalho”, ao que a organização responderá fazendo “tudo o que puder para os apoiar”.

Documentarista e assistente detidos há sete meses

Entretanto, o Comité para a Protecção dos Jornalistas noticiou que um documentarista e o seu assistente estão detidos há sete meses na província de Qinghai por terem enviado filmagens feitas no Tibete para a produtora Filming for Tibet, sediada na Suíça.

O documentarista é Dhondup Wangchen e o seu assistente é o monge budista Jigme Gyatso, que andaram pelo Tibete a recolher imagens para a curta-metragem “Jigdrel” ou “Deixando o medo para trás”, sobre as vidas dos tibetanos nas vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Segundo a directora de comunicação da Campanha Internacional pelo Tibete, Kate Saunders, as autoridades ainda não tornaram públicas as acusações aos dois profissionais, que terão sido detidos a 23 de Março, pouco depois dos incidentes no Tibete e a expulsão de jornalistas da região.

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