China censura acesso de jornalistas à Internet

Ao contrário do que prometera na sua candidatura olímpica, a China está a censurar o acesso à Internet dos mais de 20 mil jornalistas estrangeiros que cobrem os Jogos Olímpicos, à semelhança do que faz no resto do país, denunciaram várias organizações de defesa dos jornalistas e da liberdade de imprensa.

As próprias autoridades chinesas confirmaram a 30 de Julho que estão a “limitar o acesso a sítios de Internet com conteúdo sensível” e dizem que tal foi acordado com o Comité Olímpico Internacional (COI) por se considerar que os sítios bloqueados não estão relacionados com os Jogos Olímpicos.

Entre os sítios bloqueados estão o da Amnistia Internacional, que disponibilizou há dias um relatório intitulado “A contagem decrescente olímpica – Promessas quebradas”, bem como as páginas do serviço chinês da BBC, da emissora alemã Deutsche Welle, do diário “Apple Daily”, de Hong Kong, ou do “Liberty Time”, de Taiwan.

“Desalentam-me os relatos de que a China não só nunca pretendeu fornecer acesso ilimitado à Internet, como também de que responsáveis do COI foram cúmplices”, afirmou o presidente do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), Paul Steiger, exigindo esclarecimentos públicos do COI.

De acordo com Kevin Gosper, chefe da comissão de imprensa do COI, a principal preocupação da organização olímpica é “garantir que os média possam acompanhar os Jogos como o fizeram em edições anteriores da competição”, recuando assim nas declarações anteriores que fizera de que o acesso à Internet para os jornalistas acreditados nos Jogos seria “livre e aberto”.

Quando em 2001 a China se candidatou aos Jogos Olímpicos foi feita a promessa de que os jornalistas estrangeiros teriam “total liberdade para fazer reportagens” e, embora algumas limitações de deslocação tenham sido relaxadas em Janeiro de 2007, essas regras foram largamente ignoradas durante os protestos de Março deste ano no Tibete.

Além de não honrarem as promessas feitas, as autoridades chinesas têm intensificado as acções contra jornalistas e outras pessoas que pretendam exercer o seu direito à liberdade de expressão.

Segundo a Associação Mundial de Jornais (WAN), quem mais sofre com a repressão da imprensa são os jornalistas locais pois, desde 2001, ano em que foi concedida a Pequim a organização dos Jogos, 31 jornalistas foram presos, sendo que 16 continuam encarcerados.

No total, a China mantém 32 profissionais da imprensa na cadeia, o que levou a WAN a enviar ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, uma petição assinada por mais de 3500 pessoas apelando à libertação de todos os jornalistas encarcerados.

Partilhe