A Biblioteca-Museu República e Resistência, no seu Espaço Cidade Universitária, vai acolher a 5 de Maio, pelas 18:30 horas, a conferência “A Censura em Portugal – O Caso do Notícias da Amadora”, proferida por Orlando César.

O actual director do “Notícias da Amadora” foi um dos jornalistas mais visados pelo lápis azul entre 1958 e 1974, tendo visto cortados 26 dos artigos que escreveu, o que o torna no quarto profissional mais visado da publicação.

Durante aquela dezena e meia de anos foram cortados ou retalhados 2776 artigos ou notícias – 2108 tiveram cortes parciais, enquanto 668 foram cortados na íntegra – assinados por 502 autores diferentes.

Para assinalar esse período, o semanário publicou nos últimos anos a colecção Censura 16 onde, ao longo de 40 meses, foram divulgadas 781 peças jornalísticas, de 222 jornalistas, o que equivale a 28 por cento das provas do arquivo de Censura do jornal.

O caso foi também objecto do estudo “A comunicação distorcida (ou a censura exemplar ao jornal Notícias da Amadora, 1958-1974)”, onde o historiador Daniel Melo recorda as palavras de Orlando César: “A Censura era uma máscara que nos impregnava para que víssemos com os seus olhos, para que escrevêssemos sob a sua vigilância, para que agíssemos segundo os seus códigos”.