CD alerta para uso de redes sociais como fonte de informação

O Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas alerta os profissionais dos média para a necessidade de contenção no uso de redes sociais como fonte de informação do jornalismo.

O CD, em Recomendação divulgada hoje, 12 de Fevereiro, chama a atenção dos profissionais dos órgãos de comunicação social para os princípios do Código Deontológico dos jornalistas portugueses, nomeadamente no que toca à obrigação de relatar os factos com rigor e exactidão e ouvir as partes atendíveis no caso. O alerta resulta de uma reflexão sobre o uso, cada vez mais frequente, de blogues e redes sociais na construção de notícias, que se têm vindo a revelar como “potenciadoras de atropelos dos deveres jornalísticos”.

É o seguinte o texto, na íntegra, da Recomendação do CD:

Recomendação sobre redes sociais no jornalismo

O uso cada vez mais frequente de blogues e redes sociais na construção de notícias fez com que o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas reflectisse sobre o assunto, tendo em conta exemplos recentes que dão estas plataformas tão incontornáveis na profissão como potenciadoras de atropelos dos deveres jornalísticos.

Foi através do Twitter que as primeiras notícias do sismo de dia 12 de Janeiro no Haiti chegaram às redacções. E as primeiras imagens e sons captados por jornalistas no local também. A rapidez com que a informação se disseminou, neste caso, foi uma mais valia para a rápida resposta das redacções e para o cumprimento do dever de informar.

Mas, no revés da moeda, foi também através do Twitter que vários média mundiais, no passado dia 27 de Janeiro, acabaram por espalhar informações falsas sobre o novo iPAD da Apple, com base em tweets publicados por Jason Calacanis, um guru da tecnologia, acreditado no meio. Calacanis ludibriou, intencionalmente, os jornalistas para provar que nem sempre estes profissionais param para pensar, perante a avalanche de informação disponível online, e reflectem sobre a origem e veracidade da informação.

Estes são apenas dois exemplos dos muitos com que os profissionais se confrontam no dia-a-dia das redacções. Segundo um estudo da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, situam-se entre 50 e 80 por cento os jornalistas, dos vários meios, que confiam nas redes sociais e blogues para construir notícias.

Reflectir, confirmar a informação, confrontar várias fontes com a informação disponível, não ceder à pressão de ser o primeiro a chegar, procurar fontes de informação credíveis, são deveres de sempre potenciados pelos desafios de uma nova era.

O Conselho Deontológico alerta para os princípios que regem o ponto 1 do Código Deontológico dos jornalistas portugueses, nomeadamente no que toca à obrigação de relatar os factos com rigor e exactidão e ouvir as partes atendíveis no caso.

Recomenda um juízo deontológico e crítico na elaboração das notícias que tenham como origem blogues, redes sociais e “microblogging”, sendo incontornável que estes são hoje instrumentos de trabalho indispensáveis e que o campo em que se jogam os deveres éticos e deontológicos da profissão é cada vez mais desafiante.

Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas

Lisboa, 12 Fevereiro 2010

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