Caso Gongadze começa a desvendar-se

O gabinete do procurador-geral da Ucrânia anunciou que um homem já antes condenado por assassínio confessou ter morto Georgy Gongadze, o jornalista de investigação que apareceu decapitado nos bosques de Kiev, em Novembro de 2000.

A notícia da confissão tem lugar num momento em que foi anunciada a abertura de uma investigação à morte na prisão de Igor Gontcharov, um polícia reformado que estava detido no âmbito de outro caso e que era, simultaneamente, testemunha no processo de Georgy Gongadze.

O ex-polícia apareceu morto em Agosto de 2003 na sequência de agressões sofridas na prisão, pouco depois de ter apontado para o envolvimento do presidente Leonid Kuchma na morte de Georgy Gongadze.

Leonid Kuchma sempre negou o seu envolvimento no assassínio, mas ao que tudo indica existem gravações que o comprometem, as quais estão a ser agora examinadas por um comité parlamentar especial – na sua maioria constituído por membros da oposição –, que considera que o mandato de Kuchma deve ser cassado e que o líder político deve ser objecto de procedimentos criminais.

Para a FIJ, a morte de uma testemunha que estava sob custódia policial, o anúncio da confissão do crime por um assassino com cadastro e o apelo dos deputados ucranianos para a cassação do mandato do presidente Leonid Kuchma indicam, no seu todo, que o mistério em torno da morte de Georgy Gongadze começa a desvendar-se.

Porém, “apenas uma investigação independente, transparente e livre de interesses e intrigas políticas vai fazer justiça”, afirmou o secretário-geral da FIJ, Aidan White, reforçando o pedido feito em Maio passado ao primeiro-ministro da Ucrânia, Viktor Yanukovych, para que não fique impune a morte de um jornalista que se destacou na denúncia da corrupção no seio do governo.

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