Casa dos Jornalistas em Moscovo encerrada antes das eleições

O encerramento da Casa dos Jornalistas na Rússia, por alegadas infracções de segurança, é considerado pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) como uma forma de intimidação da comunicação social a dois meses das eleições.

O local funcionava como ponto de encontro de jornalistas no centro de Moscovo, pelo que a FIJ salienta que a decisão de encerramento pretende evitar o debate livre da classe jornalística antes das eleições legislativas de 2 de Dezembro.

“A táctica de usar alegadas violações ao regulamento sobre incêndios para encerrar o edifício são espúrias e sinistras”, assinalou Aidan White, secretário-geral da FIJ.

A Casa dos Jornalistas, encerrada esta semana, vai permanecer fechada por um mínimo de três meses, o que é encarado pelo Sindicato dos Jornalistas Russo – entidade que administra aquele espaço e que é conhecido pelas suas críticas à atitude do governo para com a comunicação social – como um ataque a toda a classe.

Jornalista russa agredida por autoridades policiais

Na véspera da cimeira União Europeia – Rússia, realizada há poucos dias em Mafra, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revelou que, a 6 de Setembro, a documentarista russa Natalia Petrova foi agredida, juntamente com a sua família, por polícias à paisana em Tatar, capital de Kazan, região situada 720 quilómetros a Leste de Moscovo.

Três agentes à paisana entraram na casa de Natalia Petrova e atingiram-na no pescoço, nas mãos e nas pernas até ela ficar inconsciente. A sua mãe, de 70 anos, tentou interpor-se entre os agressores e a filha e foi golpeada várias vezes no estômago e noutras partes do corpo, enquanto as filhas da jornalista foram manietadas, tendo uma delas ficado sem um dente devido à força empregue pelos polícias.

Natalia Petrova foi depois enfiada num carro da polícia estacionado em frente ao prédio, onde foi novamente agredida e queimada com cigarros até voltar a perder a consciência. Quando voltou a si estava num pátio de instalações policiais, tendo passado várias horas numa cela até ser libertada. Segundo a jornalista, a agressão de que foi vítima foi ordenada por Viacheslav Prokofiev, chefe da polícia local.

Andrey Mironov, da organização Memorial, conheceu-a na Chechénia e considera que o ataque se deve ao seu trabalho – ela é autora de filmes sobre regiões explosivas como a Abkhazia, Nagorno-Karabakh ou a Chechénia – e ao facto de Natalia Petrova ser casada com um checheno, do qual tem duas filhas, que foram várias vezes agredidas na escola devido à etnia do pai.

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