Cartoons provocam ataques à imprensa na Índia e na Bielorrússia

A polémica em torno da publicação de desenhos de Maomé não dá mostras de abrandar, como o demonstram a recente detenção de um jornalista indiano e o início de uma investigação criminal a um semanário bielorrusso devido à publicação de cartoons para contextualizar notícias sobre este caso que já reclamou a vida de 48 pessoas.

Na Índia, a polícia de Nova Deli deteve Alok Tomar, editor da revista “Shabdarth”, e confiscou várias centenas de exemplares de uma edição da mesma, na qual foi publicado um dos cartoons a acompanhar um artigo crítico da publicação original dos desenhos. Ainda não se conhece qualquer acusação formal pública contra o jornalista.

Na Bielorrússia, a procuradoria está a investigar acusações de incitamento ao ódio religioso contra o semanário “Zgoda”, em virtude da republicação a 17 de Fevereiro de oito dos doze cartoons do “Jyllands-Posten”.

No âmbito dessa investigação, o KGB efectuou a 22 de Fevereiro buscas à sede do semanário, confiscando quatro computadores, discos rígidos e outro equipamento electrónico, depois de ter interrogado durante duas horas o chefe de redacção-adjunto Aleksandr Sdvizhkov.

Segundo Aleksei Korol, chefe de redacção do semanário, este caso poderá ser apenas um pretexto do governo de Aleksandr Lukashenko para silenciar este jornal, que é um dos poucos órgãos de comunicação independentes da Bielorrússia e que tem coberto a campanha presidencial de Aleksandr Kozulin, rival do presidente em exercício.

Os receios do responsável do “Zgoda” encontram eco nas declarações dadas a 23 de Fevereiro pelo ministro da Informação, Vladimir Rusakevich, à Interfax, onde o governante manifestou vontade de suspender o jornal durante três meses devido à publicação dos desenhos e de procurar nos tribunais o encerramento permanente do título.

Partilhe