Bloggers sentados no espaço da imprensa

O tribunal federal de Washington concedeu à Media Bloggers Association dois dos cem lugares destinados à imprensa para a cobertura, a 16 de Janeiro, do julgamento por perjúrio de Lewis Libby, antigo chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney.

A autorização foi concedida após dois anos de negociações entre elementos do sistema judicial norte-americano e a associação, que representa cerca de mil bloggers e tenta estender os direitos da imprensa a esta nova actividade.

Segundo o presidente Robert Cox, esta oportunidade pode “catalizar” os esforços da associação para que os bloggers ganhem respeito e acesso aos tribunais, sendo que as credenciais concedidas para a cobertura do julgamento de Lewis Libby vão ser usadas rotativamente por membros da Media Bloggers Association.

Contudo, como afirma Alan Sipress num artigo do “Washington Post”, esta cedência do tribunal não torna necessariamente mais clara a distinção entre bloggers e jornalistas, porque muitos jornalistas dos meios tradicionais não aceitam ser comparados a bloggers e vice-versa.

O reitor da Escola de Jornalismo da Universidade de Maryland, Thomas Kunkel, diz mesmo que “a Internet hoje é como o Oeste na década de 1880. É selvagem, louca e toda a gente tem uma arma. Ainda não há regras”.

Talvez por isso seja cada vez maior também a tendência para os bloggers se sentarem cada vez mais no banco dos réus devido aos seus escritos, como aponta um estudo do Media Law Resource Center que dá conta de 69 processos abertos contra autores de blogues nos EUA.

Tal deve-se possivelmente ao facto de o mundo dos blogues ter – como afirma Jeff Jarvis, um jornalista que se tornou blogger –, um “biorritmo diferente”, no qual os artigos podem ser inicialmente publicados com incorrecções e corrigidos mais tarde com a ajuda dos leitores ou com a recolha de mais informação, um “mundo em que se publica primeiro e se edita depois”.

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