Berlusconi quer “salvar” Retequattro

O presidente do conselho italiano, Silvio Berlusconi, afirmou a 16 de Dezembro, em Estrasburgo, que é muito possível, se não quase certo, “salvar” a Retequattro e deste modo contornar a ordem dada pelo Tribunal Constitucional de passagem da emissora para satélite até ao final de 2003.

Berlusconi já terá mesmo dado orientações ao governo para que aprove, entre o Natal e o final do ano, um decreto que permita a continuidade das transmissões analógicas da Retequattro e da Raitre.

Um dos argumentos para esta continuação no universo analógico é o risco de desemprego dos cerca de mil funcionários da Retequattro, dado que a passagem para satélite implicará perda de audiências e receitas de publicidade.

Tudo porque, no mesmo dia em que Berlusconi anunciou as suas intenções em Estrasburgo, a Mediaset emitiu um comunicado onde apelava para a intervenção do “mundo político e institucional italiano” para “impedir o encerramento da Retequattro”.

Esta posição do império de média de Silvio Berlusconi foi de pronto contestada pelo sindicato dos jornalistas italianos, que condenou a intenção de utilizar os trabalhadores da Retequattro como peões para manobras políticas.

Aliás, esta passagem da emissora para satélite foi um dos pontos destacados pelo presidente da República, Carlo Azeglio Ciampi, aquando do seu veto à Lei Gasparri, a 15 deste mês.

Ao enviar o pacote legislativo de volta para o parlamento – atitude que foi aplaudida pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e pela Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) –, Carlo Azeglio Ciampi frisou a necessidade de cumprir a decisão do Tribunal Constitucional, tomada com vista a “garantir o pluralismo informativo e evitar a actual situação de concentração” nas mãos da Mediaset, que já detém as emissoras Canale 5 e Italia 1.

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