Audiências à porta fechada no caso dos cinco de Balibo

A médica legista Dorelle Pinch anunciou a 26 de Fevereiro que três audiências do inquérito à morte de Brian Peters e de outros quatro jornalistas em Balibo, Timor-Leste, em 1975, vão ser realizadas à porta fechada, depois do governo australiano ter feito um pedido nesse sentido por sentir que “interesses vitais de defesa” estariam em perigo caso duas cartas de há 30 anos fossem reveladas ao público e à imprensa.

“Quem pode seriamente acreditar que testemunhos sobre eventos de há 30 anos ponham em perigo os serviços secretos australianos?”, questionou a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), acrescentando que se as autoridades de Camberra não temem a verdade devem deixar a justiça “fazer o seu trabalho com total transparência”.

Para a RSF, o segredo imposto às três audiências é produto da inquietação no seio do governo devido a acusações cada vez mais graves de mentira que são feitas a antigos funcionários de topo do governo e dos serviços secretos.

O facto das próximas audiências deste caso se realizarem à porta fechada proíbe John Stratton, advogado da família de Brian Peters, de revelar o que as testemunhas disseram em tribunal e faz com que os jornalistas que publiquem informação divulgada durante as audiências possam ser presos.

Os cinco de Balibo eram jornalistas de estações televisivas australianas que foram mortos por paramilitares timorenses e soldados indonésios aquando dos preparativos indonésios para a invasão de Timor-Leste. O grupo era composto pelos repórteres Greg Shackleton e Malcolm Rennie, pelo técnico de som Tony Stewart, e pelos operadores de câmara Gary Cunningham e Brian Peters.

Partilhe