Ataque à televisão do Iraque é uma ameaça a todos os jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera que o ataque à televisão iraquiana, pelas forças da coligação anglo-americana, é uma ameaça à segurança de todos os jornalistas em serviço no Iraque e um atentado à liberdade de expressão.

Em comunicado, o SJ lembra que um órgão de comunicação “deve ser considerado neutro, como a Cruz Vermelha e os hospitais”. Por isso, “espera do Governo português uma inequívoca tomada de posição exigindo aos EUA e à Grã-Bretanha o respeito pela segurança dos profissionais de informação e pelas mais elementares regras da liberdade de expressão”.

É o seguinte o texto integral do Sindicato dos Jornalistas:

SJ CONDENA BOMBARDEAMENTO À TELEVISÃO DO IRAQUE

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) condena o bombardeamento da Televisão do Iraque efectuado pelas forças anglo-americanas na noite de terça-feira, 25 de Março, juntando a sua voz à indignação manifestada de imediato pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e outras organizações, como a Amnistia Internacional, que já alertaram estar-se perante um ataque contra um alvo ilegítimo, o que constitui uma flagrante violação da Convenção de Genebra.

Tal como sucedeu em Abril de 1999, quando a NATO bombardeou a Radio Televisão da Sérvia durante a guerra de agressão ao Kosovo, mais uma vez as forças militares e políticas de países que se consideram democráticos atacam uma cadeia de televisão porque não admitem a divulgação de informações diferentes das que eles próprios veiculam.

O SJ considera que com este ataque à televisão iraquiana as forças anglo-americanas pretenderam, para além de calar uma voz incómoda, intimidar todos os jornalistas que se encontram em serviço no Iraque sem estarem submetidos à censura militar imposta pelos atacantes.

O argumento de que a televisão iraquiana estava a ser usada para a transmissão de ordens militares às forças iraquianas não justifica o bombardeamento a um órgão de comunicação que deve ser considerado neutro, como a Cruz Vermelha e os hospitais. De facto, afirmações recentes de responsáveis políticos dos EUA e da Grã-Bretanha confirmam que os dois países não aceitam a transmissão de imagens desfavoráveis às suas forças, considerando que isso reforça a moral dos iraquianos.

Como oportunamente referiu a FIJ, a moral da população não é um alvo militar legítimo, nem compete aos jornalistas favorecer qualquer das partes em confronto.

O Sindicato dos Jornalistas considera que o ataque à televisão iraquiana constitui uma verdadeira ameaça a todos os jornalistas naquele país, pelo que espera do Governo português uma inequívoca tomada de posição exigindo aos EUA e à Grã-Bretanha o respeito pela segurança dos profissionais de informação e pelas mais elementares regras da liberdade de expressão.

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