A notícia de que Tony Blair terá convencido George W. Bush a não atacar militarmente a sede da Al Jazeera no Qatar em 2004 levou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) a exigir a reabertura da investigação ao ataque que, a 8 de Abril de 2003, vitimou o jornalista Tareq Ayyoub, que se encontrava nas instalações da estação televisiva árabe em Bagdade quando estas foram atingidas por um míssil.

“O público tem o direito de saber se os políticos estavam a pensar em considerar seriamente a matança de jornalistas para silenciar vozes críticas e independentes”, afirmou Aidan White, secretário-geral da FIJ, exigindo que, caso tal se confirme, os Estados Unidos assumam a responsabilidade pelas suas acções, que aparentam ser uma violação grave da lei humanitária internacional.

Além desta exigência, a FIJ apoia os pedidos de parlamentares britânicos de que seja tornado público o memorando enviado por Blair ao presidente norte-americano e que serviu de base à notícia do “Daily Mirror”.

Frisando que “os jornalistas da Al Jazeera não são um bando de terroristas que possa ser encarado como alvo legítimo”, a FIJ afirma que pensar em bombardeá-los é tão chocante quanto imaginar uma acção terrorista contra a BBC ou a CNN.

Na passada semana, a FIJ apresentou ao Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, um projecto de resolução contra a impunidade nos assassinatos de jornalistas em zonas de conflito, que prevê que os governos que não persigam os responsáveis por essas mortes possam ser presentes ao Tribunal Criminal Internacional.

Actualmente, os Estados Unidos já são acusados de esconder factos acerca do ataque ao Hotel Palestina, ocorrido igualmente a 8 de Abril de 2003 e que vitimou os jornalistas Taras Protsyiuk, da Reuters, e Jose Couso, da Telecinco.

No âmbito desse caso, um juiz espanhol emitiu, em Setembro, mandados de prisão para três militares norte-americanos envolvidos no ataque, uma vez que os Estados Unidos ignoraram os apelos para cooperar no inquérito às circunstâncias da ocorrência.