Assembleia de credores decide futuro do “Primeiro de Janeiro”

Os jornalistas despedidos do jornal “O Primeiro de Janeiro” em Julho de 2008 apelam à participação dos credores da empresa na assembleia que vai ter lugar na terça-feira, 27 de Outubro, pelas 10h30, no Tribunal de Comércio de Gaia.

O plano de recuperação da empresa Sedico (ex-O Primeiro de Janeiro, SA) apresenta diversas incongruências, dados misteriosos e insiste em situações lesivas para os trabalhadores e para a lógica empresarial.

A Sedico já passou por dois planos de recuperação, o primeiro em 1993, quando o empresário Eduardo Costa tomou conta da empresa e que levou ao despedimento de dezenas de trabalhadores a quem nunca foram pagas as indemnizações devidas. Apela-se a estes credores e todos os demais que participem na assembleia de terça-feira e rejeitem o actual plano de recuperação. Só faz sentido recuperar-se a empresa se as indemnizações dos trabalhadores forem as primeiras a liquidar, de uma só vez e na totalidade. Caso contrário, a recuperação irá assentar mais uma vez no esforço não reconhecido daqueles que durante anos trabalharam para tornar “O Primeiro de Janeiro” um título credível. Note-se que os quatro jornalistas que actualmente produzem o jornal trabalham a partir de casa, deslocando-se à redacção ao fim do dia para fazer o fecho, já que a empresa não garante o pagamento dos salários, nem os meios técnicos necessários. Apesar disso, o plano de recuperação apresentado ao tribunal afirma que a empresa dispõe dos meios humanos e técnicos necessários para produzir o jornal.

O plano é omisso quanto à actividade da empresa, insistindo em pressupostos errados. Não se compreende a sua recuperação baseada no título “O Primeiro de Janeiro”, quando se sabe que este é pertença de uma empresa com sede em Ovar, a Caderno Digital, que não tem ligação à Sedico. Além do mais, o principal credor interessado na recuperação é a antiga cooperativa Folha Cultural (que mudou o nome para Editorial Cult, CRL), e cujo presidente é Eduardo Costa. O antigo administrador da Sedico já reconheceu publicamente, várias vezes, que agia como testa de ferro do empresário de Oliveira de Azeméis. Também não se compreende a actuação da Segurança Social, ao pretender viabilizar a recuperação da empresa, quando tem estado a discriminar os jornalistas despedidos em 2008, procedendo apenas a alguns a pagamentos no âmbito do Fundo de Garantia Salarial, recusando-se a justificar sequer porque paga a alguns e não a outros.

Jornalistas despedidos em Julho de 2008

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