Jornalistas do “Janeiro” com salários em atraso

A dezena de jornalistas que produz os jornais “O Primeiro de Janeiro” e “Motor”, publicações detidas pelo empresário Eduardo Oliveira Costa, continua com salários em atraso e recebe apenas uma parte do vencimento acordado com a empresa.

Aqueles profissionais estão a produzir os dois títulos em condições precárias, no mesmo edifício onde funcionou a redacção do matutino portuense, despedida no final de Julho do ano passado.

Entretanto, no dia 19 de Maio, o Tribunal de Comércio de Gaia promoveu uma assembleia de credores da empresa Sedico – Serviços de Edição e Comunicação, SA (anteriormente O Primeiro de Janeiro, SA).

A assembleia foi dominada por A Folha Cultural, CRL, que reclama agora uma dívida da Sedico superior a sete milhões de euros. A cooperativa, presidida por Eduardo Costa, adoptou entretanto a designação EditorialCult, CRL e transferiu a sede de Oliveira de Azeméis para Barcelos.

Os restantes credores são o Estado (Segurança Social e Finanças), com uma dívida de cerca de seis milhões de euros, trabalhadores (jornalistas, gráficos, administrativos, comerciais) e fornecedores.

O administrador de insolvência nomeado pelo Tribunal de Gaia propôs a votação de um processo de recuperação da empresa, que contou com os votos favoráveis dos representantes da Folha Cultural e da Segurança Social.

O juiz tinha declarado, em Janeiro, a insolvência limitada da Sedico, alegando que esta não possui bens, mas a Folha Cultural veio a apresentar-se como credora, invocando a existência de bens no valor de 150 mil euros, o que levou o magistrado a declarar a insolvência plena e a marcar a assembleia de credores. O plano de recuperação será apresentado dentro de 60 dias.

O título “O Primeiro de Janeiro” é detido pela empresa Folio, constituída por dois sócios, Eduardo Costa e A Folha Cultural (agora EditorialCult, CRL). Os actuais jornalistas que estão a produzir o matutino portuense e o “Motor” mantêm contratos com a Folio – Comunicação Global, Lda. e, aparentemente, com a Norte Press (outra empresa fundada pelo empresário de Oliveira de Azeméis).

Os jornalistas ilegalmente despedidos em Julho de 2008 continuam a aguardar que o Tribunal de Trabalho do Porto marque a primeira sessão do julgamento, já que a juíza do processo cancelou a audiência que esteve agendada para o início de Maio.

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