O Sindicato dos Jornalistas (SJ) reuniu-se na quinta-feira, 12, com o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, que tutela a comunicação social, unicamente para discutir soluções para a crise da Trust in News (TiN). Consciente do grave problema que a insolvência da empresa representa, deixando 140 famílias sem salários e 17 publicações na incerteza, o Governo comprometeu-se a fazer tudo o que for possível, dentro dos limites da lei, para salvaguardar os direitos dos trabalhadores e a continuidade dos títulos.
A delegada sindical da revista Visão, que agrupa cinco publicações, fez um retrato da situação atual: mais de metade dos trabalhadores não recebeu o salário de outubro, enquanto o vencimento de novembro, o subsídio de férias, o subsídio de Natal e os últimos seis subsídios de refeição estão em atraso para todos. Apesar da falta de pagamento, os jornalistas e os restantes funcionários da empresa vão continuar a trabalhar para manter os títulos e a empresa viva até à assembleia de credores que vai definir o futuro da TiN, a 29 de janeiro.
O SJ salientou a importância deste grupo no panorama da comunicação social portuguesa e o quanto os seus títulos contribuíram, ao longo dos anos, para a construção dessa nossa casa que é a democracia. Uma opinião que foi consensual no encontro. Por isso, insistiu que é imperioso encontrar uma solução que preserve os títulos e garanta os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores.
Num momento em que o Governo prepara a distribuição gratuita de assinaturas digitais aos jovens, foi lembrada a importância das revistas, como as que são publicadas pela TiN, e dos jornais em papel. Pela disponibilidade, por terem um carácter mais perene, por serem facilmente partilháveis e manuseáveis, por contribuírem para a literacia mediática e para reduzir a dependência dos mais jovens em relação aos ecrãs. São também um importante fator de coesão territorial e de acessibilidade para os leitores seniores, a faixa etária dominante em Portugal e com um poder de compra que não é despiciente. Foi ainda recordada a necessidade de estender à imprensa escrita, de âmbito nacional, o porte pago, em condições idênticas às da imprensa regional.
Sendo o jornalismo um pilar da democracia e um bem essencial, o SJ sublinhou que deve merecer um tratamento diferenciado, especialmente em alturas de crise do modelo de negócio. Ao contrário de tantos outros setores, igualmente importantes na nossa sociedade, a Comunicação Social não beneficia de apoios à produção, subsídios ou fundos europeus para início ou manutenção da atividade.
Além disso, não podemos ignorar que as revistas e os jornais em papel são parte integrante de uma cadeia de valor que inclui as gráficas e a distribuição, também criadores de emprego. A disrupção destas duas áreas de atividade terá certamente impacto no ecossistema mediático, podendo tocar todos e abanar o edifício da democracia, para o qual os títulos e os jornalistas da TiN contribuem diariamente há vários anos.
A importância destas publicações e o valor das pessoas que as fazem voltarão a ser abordadas, sábado, num encontro com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O SJ pretende sensibilizar o mais alto magistrado da nação para a crise da TiN e o impacto que pode ter na vida de muitas famílias e na nossa democracia que, nas palavras do próprio, sem jornalismo não é saudável.